Tarot Divinatório / Tarot Terapêutico
Hoje em dia, o Tarot é usado de acordo com dois pontos
radicalmente diferentes e muitas vezes com exclusivos pontos de vista: o
divinatório ou futurológico e o terapêutico.
Há por isso pessoas que interpretam as cartas com o objectivo de prever
o futuro e outras que as interpretam como elementos de transformação
humana.
Esta é última - o Tarot como Terapia - é a minha abordagem, pois este tipo de interpretação
trabalha no sentido de revelar e explicar bloqueios psico-emocionais, medos e
padrões de comportamento que impedem a plena realização das pessoas, oferecendo orientações para resolver essas coisas.
As diferenças das duas formas de leitura e interpretação
podem ser resumidas em 3 pontos.
1. Para quem tenta
prever o futuro nas cartas, o destino é
que manda e o Tarot é apenas o intermediário entre o destino todo-poderoso e
nós, comuns mortais. Desta forma
assume-se que somos apenas meros espectadores das nossas vidas e nada mais
podemos fazer do que aguardar o que o destino nos reserva.
Para quem lê e interpreta as cartas como terapia a pessoa que o consulta – o
consulente – é quem planeia o seu destino e vai construindo o seu caminho de
vida, de acordo com as escolhas que vai fazendo. E que pode ser alterado a qualquer
momento. Porque o futuro e o destino são a resposta do universo aos nossos actos,
omissões e pensamentos. É muito parecido com a força física de acção e
reacção conhecida no Oriente como a lei do karma. Deve ser salientado que a
capacidade de transformar a vida de alguém ou criar o futuro de acordo com os
nossos desejos é proporcional ao nosso nível de consciência. O Tarot,
quando bem utilizado, pode ser uma ferramenta para mudar o destino de alguém. Ele ajuda-nos a ficarmos mais conscientes do
que realmente está a bloquear as nossas
realizações e dá-nos orientação quanto às atitudes a tomar para nos libertarmos.
A liberdade e a responsabilidade caminham lado a lado.
Alguém que lê as cartas do Tarot de forma divinatória, acaba
por mostrar ao consultente que a sua vida é o resultado de forças estranhas e
imprevisíveis, como sorte, má sorte, destino fatal, trabalhos de magia onde intervêm as entidades
não-materiais, espíritos, enfim… coisas estranhas mesmo.
Mas o que é grave é que desta forma, as pessoas ficam a sentir-se como
autênticos fantoches nas mãos do destino e acreditam que nada mais podem fazer
do que aguentar e não se conseguem libertar nem fazer a sua vida andar para a
frente.
De acordo com a visão terapêutica, aquela que defendo, a
pessoa é responsável pela vida que leva e livre de fazer as suas escolhas. O factor “destino” aqui, só interfere em
muito poucos aspectos, como por exemplo de acontecimentos da Natureza, pois ninguém pode
ser responsável por ter perdido uma casa num furacão…e muito menos fez a
escolha de enfrentar ou atrair o furacão. Quando
muito, escolheu viver numa área sujeita a furacões… mas o caminho de vida é
algo muito mais profundo. Há realmente coisas que não podemos mudar, que são da Natureza, genética, biologia... mas todas as situações e relações da nossa vida têm a ver com escolhas. Pode ser desde a escolha de quem queremos ao nosso lado até à forma como escolhemos enfrentar as coisas menos boas.
Então, usando o Tarot como ferramenta de terapia, de cura da
alma, o primeiro passo para a mudança é começar por parar de culpar os outros e
o destino pela nossa situação actual.
Fortuna e felicidade são uma questão de escolha e não de sorte.
No Tarot divinatório usam-se ideias de bem e de mal
retiradas das religiões, fazendo com que as pessoas se agarrem erradamente à
ideia do “destino marcado”, que vivem as
suas vidas resignadas à espera de um “milagre”, tornando-se assim ainda mais
difícil serem elas mesmas. Este
tipo de abordagem, por um lado assusta as pessoas e por outro quase pretende
torná-las agarradas e dependentes das leituras. Há as pessoas que até têm medo de
ouvir o que as cartas têm para transmitir, preferem não saber. E outras há que se tornam quase viciadas nas
leituras, pois perante a impotência que sentem nas suas vidas dominadas pelo destino fatal, vêem nas cartas
a única forma de se prevenirem para o que o destino lhe vai trazer. Não me parece nada uma forma de ajudar as pessoas...
Com o Tarot como Terapia, as pessoas procuram conselhos e orientação sobre como evoluir na sua vida.
Podem até nem ter nenhum dilema e quererem apenas saber os conselhos das
cartas, que são sempre muito sábios. Mas
o objectivo destas leituras não é “agarrar” as pessoas é justamente ajudá-las a
libertarem-se para melhorarem aspectos da sua vida, sem a necessidade de se
sentirem agarradas ao ponto de consultarem as cartas até para saberem que
electrodoméstico comprar! O Tarot bem
usado é muito libertador, é amigo, não traz notícias más… ele é apenas o mapa
ou o espelho do nosso “EU” e orienta-nos sempre no sentido de uma vida melhor
como seres humanos.