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terça-feira, 28 de maio de 2013

O Tarot como Terapia

Tarot Divinatório / Tarot Terapêutico  

Hoje em dia, o Tarot é usado de acordo com dois pontos radicalmente diferentes e muitas vezes com exclusivos pontos de vista: o divinatório ou futurológico e o terapêutico.  Há por isso pessoas que interpretam as cartas com o objectivo de prever o futuro e outras que as interpretam como elementos de transformação humana. 
Esta é última - o Tarot como Terapia - é a minha abordagem, pois este tipo de interpretação trabalha no sentido de revelar e explicar bloqueios psico-emocionais, medos e padrões de comportamento que impedem a plena realização das pessoas,  oferecendo orientações  para resolver essas coisas.

As diferenças das duas formas de leitura e interpretação podem ser resumidas em 3 pontos.

1.  Para quem tenta prever o futuro nas cartas,  o destino é que manda e o Tarot é apenas o intermediário entre o destino todo-poderoso e nós,  comuns mortais.  Desta forma assume-se que somos apenas meros espectadores das nossas vidas e nada mais podemos fazer do que aguardar o que o destino nos reserva.
Para quem lê e interpreta as cartas como terapia  a pessoa que o consulta – o consulente – é quem planeia o seu destino e vai construindo o seu caminho de vida, de acordo com as escolhas que vai fazendo.  E que pode ser alterado a qualquer momento.  Porque o futuro e o destino  são a resposta do universo aos nossos actos, omissões e pensamentos.  É  muito parecido com a força física de acção e reacção conhecida no Oriente como a lei do karma. Deve ser salientado que a capacidade de transformar a vida de alguém ou criar o futuro de acordo com os nossos desejos é proporcional ao nosso nível de consciência.  O  Tarot, quando bem utilizado,  pode ser  uma ferramenta para mudar o destino de alguém.  Ele ajuda-nos a ficarmos mais  conscientes do que realmente está a bloquear as  nossas realizações e dá-nos orientação quanto às atitudes a tomar para nos libertarmos.

2. A questão da responsabilidade. No Tarot divinatório, o ser humano é um escravo. Que liberdade pode ter a vida de alguém,  se é está preso pelo destino e o mais longe que consegue ir é tentar prever o futuro, encontrar alguém que o veja nas cartas ?
A liberdade e a responsabilidade caminham lado a lado.  
Alguém que lê as cartas do Tarot de forma divinatória, acaba por mostrar ao consultente que a sua vida é o resultado de forças estranhas e imprevisíveis, como sorte, má sorte,  destino fatal, trabalhos de magia onde intervêm as entidades não-materiais, espíritos, enfim… coisas estranhas mesmo.  Mas o que é grave é que desta forma, as pessoas ficam a sentir-se como autênticos fantoches nas mãos do destino e acreditam que nada mais podem fazer do que aguentar e não se conseguem libertar nem fazer a sua vida andar para a frente. 

De acordo com a visão terapêutica, aquela que defendo, a pessoa é  responsável pela vida que leva e livre de fazer as suas escolhas.  O factor “destino” aqui, só interfere em muito poucos aspectos, como por exemplo de acontecimentos da Natureza,  pois ninguém pode ser responsável por ter perdido uma casa num furacão…e muito menos fez a escolha de enfrentar ou atrair o furacão.  Quando muito, escolheu viver numa área sujeita a furacões… mas o caminho de vida é algo muito mais profundo.  Há realmente coisas que não podemos mudar, que são da Natureza, genética, biologia... mas todas as situações e relações da nossa vida têm a ver com escolhas.  Pode ser desde a escolha de quem queremos ao nosso lado até à forma como escolhemos enfrentar as coisas menos boas.
Então, usando o Tarot como ferramenta de terapia, de cura da alma, o primeiro passo para a mudança é começar por parar de culpar os outros e o destino pela nossa situação actual.   Fortuna e felicidade são uma questão de escolha e não de sorte.

3. A questão do bem e do mal. O bom e mau não são verdades absolutas. O que é bom para uma pessoa hoje, pode  não ser tão bom amanhã e  o que é bom para mim, pode não ser bom para si.  Quem pretende  ajudar as pessoas a curar a alma, não pode trabalhar com verdades absolutas ou doutrinas  pois  não existem doenças da alma,  existem apenas pessoas que não estão à vontade, que não estão conscientes dos seus bloqueios e que muitas vezes nem a si próprias de conhecem de verdade.    
No Tarot divinatório usam-se ideias de bem e de mal retiradas das religiões, fazendo com que as pessoas se agarrem erradamente à ideia do “destino marcado”,  que vivem as suas vidas resignadas à espera de um “milagre”, tornando-se assim ainda mais difícil  serem elas mesmas.   Este tipo de abordagem, por um lado assusta as pessoas e por outro quase pretende torná-las agarradas e dependentes das leituras.   Há  as pessoas que até têm medo de ouvir o que as cartas têm para transmitir, preferem não saber.  E outras há que se tornam quase viciadas nas leituras, pois perante a impotência que sentem nas suas vidas dominadas pelo destino fatal, vêem nas cartas a única forma de se prevenirem para o que o destino lhe vai trazer.  Não me parece nada uma forma de ajudar as pessoas...

Com o Tarot como Terapia, as pessoas procuram conselhos e orientação sobre como evoluir na sua vida.  Podem até nem ter nenhum dilema e quererem apenas saber os conselhos das cartas, que são sempre muito sábios.  Mas o objectivo destas leituras não é “agarrar” as pessoas é justamente ajudá-las a libertarem-se para melhorarem aspectos da sua vida, sem a necessidade de se sentirem agarradas ao ponto de consultarem as cartas até para saberem que electrodoméstico comprar!  O Tarot bem usado é muito libertador, é amigo, não traz notícias más… ele é apenas o mapa ou o espelho do nosso “EU” e orienta-nos sempre no sentido de uma vida melhor como seres humanos.



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